30 de março de 2010

Geometria descritiva

A aptidão para a visão espacial nunca foi o meu forte. Projectar um desenho do espaço para o papel é uma difícil tarefa. Forma, dimensão, espaço, ponto, recta, plano, sempre foram conceitos imperceptíveis para mim. Porque a forma persiste, sem tempo, sem espaço e num qualquer plano. A distância entre dois pontos não é um segmento de recta. E o caminho percorrido não é medido pela distância que se faz. Há distâncias que não são medidas pela matemática e física. A trajectória entre um ponto x e um ponto y não é igual à trajectória entre um ponto y e um ponto x. Também não existem linhas paralelas, desenganem-se. Todas vão ter à mesma direcção, que aparece desenhada em sonhos nas entrelinhas. E é nos sonhos, sem espaço, tempo ou forma, que se desenha a vida.

27 de março de 2010

Dia mundial do irmão

Hoje questionei-me porque não haverá um dia mundial do irmão, embora tenha uma opinião muito particular sobre os dias que são assinalados com uma data específica. Para mim, não existe nada maior no mundo nem amor maior no mundo que o que sinto pelos meus irmãos. Imagino-me a cometer as maiores loucuras por eles. Não consigo sequer conceber a minha felicidade sem partilhar da deles. É o exemplo da amizade verdadeira. É a aceitação incondicional. Nesta relação não consigo compreender qualquer tipo de sentimento mesquinho. É como algo de transcendente, dificilmente traduzível por palavras. Já procuraram um sinónimo para irmão? Igual, semelhante, companheiro, colega. Por isso decreto hoje o dia mundial do irmão. Pelo menos no meu mundo.

quantos queres?

1) Amor
2) Admiração
3) Felicidade
4) Paixão
5) Amizade
6) Alegria
7) Partilha
8) Surpresa

26 de março de 2010

Desta vez, vai começar pelo fim.

É-lhe conhecido o gosto por quebrar os caminhos pré-traçados. Tem um pouco de encanto e criatividade, mas também de manipulação e sublimação. Não é fácil o relacionamento com ela, não é fácil lutar contra a predestinação para seguir um caminho diferente. Não foi por falta de conselhos. A vida não se coaduna com escolhas com base na beleza, no amor verdadeiro, na procura da certeza. A vida não espera que acerte no atalho, depois de ter decidido sair dos trilhos marcados. Assim como a natureza se revolta com a quebra dos seus ciclos naturais, assim como o mar irá tomar de volta tudo o que lhe retiraram, assim a vida irá fazê-la perceber que não se harmoniza com escolhas extraordinárias. Desta vez, ela não vai construir sobre alicerces velhos. Teria que nascer de novo e, nesta vida, não será possível. Porque certos trajectos fazem-se num sentido só. Nessa relação com contornos tão burlescos, acaso da sincronia, apelidada de nada, criou um fosso tão grande entre eles, só transponível se se projectarem os dois no abismo. E o abismo é o fim.


24 de março de 2010

Não há fome que não dê em fartura

Numa altura em que se acumulam dúvidas existenciais, problemas financeiros, crises emocionais, solidão, stress e tantas outras maleitas aparentemente inultrapassáveis, é de partilhar que descobri que a sabedoria popular há muito tempo que se debate com todos estes problemas e tem afirmado, optimisticamente, que o pior ainda está para vir. Qual profecia Maia. É que segundo a sabedoria popular, não há fome que não dê em fartura. E escusam de me dizer que o provérbio está mal interpretado porque cada qual puxa a brasa à sua sardinha.

Que dor!

Já conhecia a dor de corno, a dor de cotovelo, entre outras...
Há uns dias tive a oportunidade de experienciar a dor de galo na cabeça após uma parede do meu local de trabalho ter, literalmente, chocado contra mim.
Nem vou aqui descrever o barulho, nem a sensação de todos os ossos do crânio terem-se deslocado cerca de oito centímetros, mais ou menos os mesmos que o eixo de rotação do planeta ter-se-á deslocado com o terramoto.
Prontamente socorrida pela D.A., que me trata sempre pelo diminutivo de qualquer nome ou grau académico, sugeriu-me que fosse para casa e accionasse o seguro. Começou a perguntar-me carinhosamente se me estava a sentir mal, se estava com calor, se estava com frio, se tinha vontade de vomitar, entre outros sintomas. Comecei a sentir tudo à mesma velocidade que ela enumerava todas as sensações que eram possíveis resultar daquela situação.
Ainda ponderei a sugestão. Acidente de trabalho, hum, fim-de-semana à porta...Acabei por ficar.
A minha mãe, que às vezes me trata por patanisca, disse que a nódoa negra irá passar. O único senão, para além da possibilidade de traumatismo craniano, é que o galo ia cantar à meia-noite. A nódoa negra passou e o galo não cantou.
Claro está que fiquei curiosa sobre a origem da expressão "galo na cabeça", que no meu caso foi bem no meio da testa, mas não encontrei nada de relevante. E já provei que é tudo mentira.
A explicação mais verosímil foi aquela que compara o hematoma à semelhança com uma crista de galo.
Bem, também não é preciso exagerar. Não ficou muito bonito e tal, mas daí a parecer uma crista de galo...
Em relação às consequências, essas irão revelando-se aos poucos. Há até quem diga que já se nota.
Não é fácil voltar ao trabalho!

20 de março de 2010

Até faz algum sentido.

Afecto
Parece que ao abrigo do novo acordo ortográfico, só deixam de existir as consoantes que não se pronunciam.

17 de março de 2010

Nem sempre o caminho mais fácil é o mais recompensador

                                                                                                             foto flickr

16 de março de 2010

Amor

Falamos de compatibilidades, de características de personalidade, de valores, objectivos de vida em comum...
Mas para mim, há um aspecto que não pode ser descurado. Gostas de caracóis?
É bom que pelo menos toleres o cheiro que se entranha, o aspecto nojento, o barulho do chupar...
Senão, não nos enganemos, não façamos planos a longo prazo. Teremos que resolver a nossa relação até meados de Maio, altura em que eles começam a sair da casca e a ficar saborosos.
Hum, hoje apetecia-me caracóis.

15 de março de 2010

Conformismo

Ainda em relação ao sentimento despertado pelo post anterior e não só. Já reflecti sobre o efeito Halo, o efeito estufa, o efeito placebo, o tão na moda efeito borboleta, o efeito dopller, o de Joule e o meu preferido o efeito carambola. Mas hoje decidi escrever sobre um dos efeitos de Asch, que é por assim dizer, um dos que ainda me impressiona.
Em meados dos anos 50, perceba-se do século passado, Solomon Asch realizou uma experiência para comprovar aquilo que todos sabemos, a nossa tendência para seguir a opinião dos outros.
A experiência foi mais ou menos assim:
Foram colocadas várias pessoas numa sala com o objectivo de fazer um teste de visão. O grupo era constituído por 8 pessoas, 7 que conheciam a experiência e estavam informados sobre o que deveriam responder e uma vítima que era o experimentado.
Foram mostradas várias figuras ao grupo e perguntavam-lhes qual das linhas (A, B ou C) era igual à da esquerda.
As 7 pessoas inicialmente davam uma resposta certa e após várias figuras começavam a dar uma resposta incorrecta propositadamente. O experimentado era sempre a 6ª pessoa a responder. A descoberta foi que mais de metade dos indivíduos submetidos à experiencia davam uma resposta errada e seguiam o grupo, mesmo sabendo que estavam a dar a resposta errada.

Generalizando.
O respeito pelas normas é uma forma de conformismo e é saudável dentro de um grupo.
Mas abdicar do que se vê como correcto? A necessidade de fazer parte de um grupo leva-me a cumprir as normas, mas não a abdicar da minha opinião. E se não concordar, não me resta grande alternativa senão deixar de fazer parte. As consequências? Algumas são quase insuportáveis. Mas para mim, acima das normas estão os valores e desses não abdico.
De opinião todos mudamos, ou pelos menos os mais iluminados. Agora de valores, desconfio.
E não há nada que me repudie mais que pessoas sem valores. No dia-a-dia chamam-lhe de falta de personalidade.

14 de março de 2010

O congresso do PSD acabou e o sentimento de todos os membros é que “saíram de lá todos mais unidos”. Parece que durante este congresso, aprovaram uma alteração aos estatutos do partido que prevê a suspensão ou expulsão de membros que vão contra o programa do partido. Saíram de lá todos mais unidos. Viva a Democracia! Ai, Que medo!

Hoje é um bom dia para começar a planear...

10 de março de 2010

A vida, em si mesma, é pouco agradável. Mas em compensação, o que está ao redor é indiscutivelmente maravilhoso. Basta, por isso, conseguir ver um pouco mais além.

9 de março de 2010

Solidão

                                                          foto olhares
Desde muito cedo aprendeu a ser bem comportada. Sem o verdadeiro reconhecimento do bom comportamento mas sob a ameaça do castigo pelo mau, foi crescendo desfilando numa passadeira vermelha de emoções. A passadeira apesar de suficientemente larga  para comportar várias pessoas foi construída em exclusivo para ela. E no alquimiar das suas relações sociais, não conheceu nada de novo. Não conheceu a felicidade de viver em sociedade, nem a frustração de viver com pessoas. Hoje, está sozinha.

8 de março de 2010

Parque Natural da Arrábida

                                                             foto olhares

A Serra da Arrábida, um dos meus locais de eleição para passear, foi eleita como um dos 21 finalistas do concurso Sete Maravilhas Naturais de Portugal.
Estou a torcer.

2 de março de 2010

Silêncio - Contribuição para a Fábrica de Letras

Há muito que a vida onírica tinha desaparecido. Até os sonhos o haviam abandonado. Soube que estava sozinho quando a música deixou de o acompanhar no seu silêncio e passou a ser uma entidade exterior que apenas assinalava uma presença. Jurou-lhe nunca mais proferir uma palavra e prometeu para si próprio nunca deixar de cumprir essa mesma promessa.
Hoje, sem palavras, pensa que os sentimentos já não podem ser traduzidos nesses símbolos. As palavras estragam os momentos que as procedem, por isso prefere o silêncio.



Saídas à francesa

Gosto de saídas de emergência, saídas rápidas e discretas, saídas prolongadas, saídas espalhafatosas, saídas à noite, saídas inesperadas, saídas de dia, sair mais cedo, sair mais tarde, com destino ou sem destino.
Eu gosto de sair-me bem, à grande e à francesa. E, também, de beijos à francesa.
Não consegui saber a origem da expressão "saída à francesa", mas também não interessa. O que é certo é que pode ser interpretada de várias formas. Para mim, poderá ser um sinal de timidez ou um sinal de má educação. Como distingo? Se dúvida houver sobre a saída, cairá na má educação e no esquecimento. Como as saídas são despedidas, o sair à francesa também pode ser um até já.
No outro dia com uma amiga, a relembrar os tempos de jantares da faculdade, ambas nos lembrámos do nosso colega, lindo de morrer, que tinha o hábito de sair à francesa. Má educação? Não me parece. Um sinal de marca, que marcou as nossas memórias.
Eu lembro-me de algumas saídas à francesa da minha parte e, posso confessar que, foram todas de má educação. Num início de festa, horrível, enjoativo mesmo. Num final de festa, onde só resta o tédio. Num workshop pouco interessante. Numa conversa menos interessante ainda. Uma lista de situações, todas com o mesmo adjectivo, desinteressantes.
Mas, como também não gosto de despedidas, sair discretamente pode acontecer quando faço intenções de voltar.

1 de março de 2010

Abraço

Em Portugal não temos o hábito de abraçar. Os homens, por exemplo, escrevem abraços mas não dão. Mas através do abraço, do contacto físico, autêntico e sincero, compreendemos melhor os nossos sentimentos e os dos outros. Conseguimos compreender melhor o nosso espaço, os nossos limites.
Tive a oportunidade de aprender e vivenciar estes sentimentos com pessoas que muitos diriam que não temos nada a aprender. Confesso que não foi uma aprendizagem fácil, acho que não estava preparada, quer pela idade quer pelo contexto em que sempre vivi, mas foi muito gratificante e alterou a minha forma de ver o mundo. O meu mundo e o mundo dos outros.
Através de um abraço sentimos a segurança, as semelhanças e as diferenças, os sentimentos verdadeiros. Ao sentir um abraço compreendemos a impotência, aumentamos a aceitação e a confiança.
Hoje esteve um dia de sol e lembrei-me disto. Lembrei-me também, que passo demasiados dias sem me lembrar e sem abraçar.

Acordo ortográfico

Eu não sou contra o acordo ortográfico. Sou contra erros de ortografia.
Anda a circular no facebook uma Iniciativa de recolha de assinaturas para apresentar à Assembleia da República uma proposta de revogação ou suspensão do acordo ortográfico.
Uma vez que nem sei bem quais são as alterações, muito embora me esforce para escrever português com a maior correcção possível, não sou daquelas pessoas que se escandalizam com facilidade e também não sou muito resistente à mudança.
Na tentativa de perceber melhor este fenómeno, fui fazer uma investigação. Sim, porque embora não seja uma vítima da maioria, gosto de saber o que os outros pensam sobre os assuntos.
Não deixem de ver os comentários efectuados hoje na página do Público, aqui, relativamente a esta notícia, que explicam em grande parte esta minha opinião.
Embora seja só uma opinião, que vale o que vale, considero que as preocupações deveriam passar por garantir que todos os indivíduos portugueses, indivíduos estrangeiros que frequentam as nossas escolas e também os estrangeiros que até são portugueses e que também têm que frequentar as nossas escolas, concluam a escolaridade obrigatória a saber escrever português correcto, com ou sem acordo ortográfico.
Logo que me seja possível, mostro também umas verdadeiras pérolas do facebook na arte de bem escrever.